A Rússia acusou a Ucrânia de preparar um ataque com ‘bomba suja’ para culpar as tropas de Vladimir Putin de “destruição em massa na Ucrânia e iniciar, assim, uma grande campanha anti-Rússia no mundo”, acusou, antes de declarar que Kiev busca “intimidar a população local e aumentar o fluxo de refugiados em toda Europa”, disse em comunicado o comandante do Departamento de Radiações, Produtos Químicos e Biológicos do Exército russo, Igor Kirillov. “Segundo as informações de que dispomos, duas organizações ucranianas têm instruções específicas para criar a denominada ‘bomba suja’. O trabalho entrou na fase final”, acrescentou. Kirillov também acusou o governo do Reino Unido de manter “contatos” com a Ucrânia “sobre a questão da potencial obtenção de tecnologias (necessárias) para a produção de armas nucleares” por parte de Kiev. A Ucrânia rejeita a acusação e convidou especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a visitarem suas instalações. Eles classificaram as acusações como “absurdas e perigosas”. O presidente Volodymyr Zelensky pediu uma resposta “o mais dura possível” de seus aliados ocidentais. “Se a Rússia diz que a Ucrânia está preparando algo, isso significa apenas uma coisa: que a Rússia já preparou tudo isso”, reagiu o presidente ucraniano.
O que é ‘bomba suja’?
A “bomba suja” que, segundo Moscou, a Ucrânia pretende detonar em seu próprio solo, não é um artefato nuclear, mas uma bomba convencional envolta em materiais radioativos destinados a serem disseminados na forma de pó durante a explosão. O termo “bomba suja”, também chamada de “dispositivo de dispersão radiológica” (ou RDD, na sigla em inglês), designa qualquer artefato que, ao ser detonado, espalha um, ou vários, produtos química ou biologicamente tóxicos (ou NRBC, sigla em inglês para nuclear, radiológico, biológico, ou químico). Este tipo de bomba não é considerado uma arma atômica. Sua explosão resulta da fissão ou fusão nucleares e provoca imensa destruição em um amplo raio. A fabricação de uma bomba atômica requer tecnologias complexas de enriquecimento de urânio. Muito menos complicada de fabricar, a “bomba suja” utiliza um explosivo convencional. Seu principal objetivo é contaminar uma área geográfica, assim como quem estiver na região, tanto com radiações diretas quanto pela ingestão, ou inalação, de materiais radioativos.
O principal perigo de uma “bomba suja” vem da explosão, e não da radiação. Apenas as pessoas que estão muito perto do local da deflagração se veriam expostas a níveis de radiação capazes de causar uma doença grave imediata. A poeira e a fumaça radioativas podem, contudo, propagar-se mais e representar um risco à saúde, em caso de inalação do ar, ou de ingestão de alimentos, ou água, contaminados. Os materiais radioativos necessários para a elaboração desse tipo de artefato costumam ser usados em hospitais, centros de pesquisa e estabelecimentos industriais, ou militares. Em março de 2016, a célula terrorista responsável pelos atentados a bomba em Bruxelas planejava fabricar uma “bomba suja” radioativa, após monitorar por vídeo um “especialista nuclear” belga.
fonte Jovem Pan