Muitos alunos para um só professor. Essa é a realidade no ensino fundamental do Brasil. Cerca de 20% dos professores das redes estaduais trabalham com mais de 400 alunos durante o ano letivo. O levantamento é da associação D3E em parceria com o Itaú Social. O estudo mostra que a média de alunos por professor varia de 11 a 535 por ano no ensino fundamental, número superior aos do Japão e dos Estados Unidos, onde a quantidade máxima de estudantes por professor é de 280. Apesar de não existir uma lei que coloca limite de alunos para cada professor, o Conselho Nacional de Educação recomenda que o número não passe de 300 por ano. A pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Gabriela Moriconi, comentou o cenário.” O estudo mostra que os professores estão mais de 50 horas semanais de jornada de trabalho e trabalhando em múltiplas escolas têm mais probabilidade de adoecer e faltar ao trabalho por causa disso”, diz Gabriela.
Ainda sobre o relatório, foram analisados dez estudos de caso em redes estaduais e municipais de educação para concluir as altas médias brasileiras. Mas o estudo não conseguiu compreender o motivo principal para o número excessivo. O levantamento apontou sete políticas públicas que podem garantir um número menor de alunos por professor. São elas: jornada de trabalho em período integral; limitar a carga horária para 40 horas semanais; um terço da jornada para trabalho extraclasse; remuneração equivalente à média de outras ocupações com mesmo nível de formação; concentrar a atuação em apenas uma escola; repensar a organização das matrizes curriculares e ter turmas nos anos finais do ensino fundamental com no máximo 30 alunos.
Sobre o excesso de trabalho, entre os principais fatores estão a carga horária, a duração das aulas e o tempo para atividades extraclasse. Gabriel explica as consequências desses problemas. “Com 400 alunos fica muito difícil conhecer cada um, dar devolutivas sobre como está indo à aprendizagem do aluno. Tem uma série de aspectos que ficam prejudicados com a carga muito excessiva de alunos e trabalho”, afirma. A deputada estadual Professora Bebe, que também é presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), argumenta como excesso de alunos para um professor prejudica a qualidade do ensino público. “Você vai perguntar para mim: ‘O professor não vai passar o conteúdo?’. Ele passa. O que ele não vai ter tempo é para se dedicar em todas as atividades que dependem de um trabalho mais individualizado”, afirma Bebel.
fonte Jovem Pan