O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ex-juiz e ex-ministro do governo Jair Bolsonaro Sergio Moro (Podemos) estão na mesma raia nas eleições deste ano: ambos tentam se posicionar como líderes de uma terceira via, contra a polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora troquem cordialidades públicas (o PSDB decidiu não embarcar na onda de ataques contra o ex-juiz), as equipes de Doria e Moro têm travado uma uma disputa de xadrez silenciosa em busca dos mesmos grupos para construção de suas alianças, de modo a chegar mais bem posicionado ao início da campanha.
Um dos alvos de ambos é o Cidadania. Na semana passada, o PSBD e o Cidadania começaram negociações para composição de uma federação partidária (um novo tipo da aliança previsto pelo Tribunal Superior Eleitoral que tem prazo de duração de pelo menos quatro anos). Doria e o presidente do Cidadania, Roberto Freire, chegaram a se encontrar, após uma aproximação feita por Antônio Imbassahy, um dos coordenadores da campanha do tucano. Embora o staff de Doria já contabilize o apoio como certo, o quadro parece ainda indefinido. Na segunda-feira, 31, o Podemos fez uma reunião interna e decidiu também tentar formar uma federação com o Cidadania, que tem como pré-candidato à Presidência o senador Alessandro Vieira (SE).
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O Cidadania confirma o diálogo com ambos. Uma reunião da executiva nacional deve decidir ainda nesta terça-feira, 1º, o que será encaminhado para os diretórios da legenda, que precisam aprovar a federação.
Outro partido na mira de ambos é o União Brasil, criado da fusão de DEM e PSL. Doria vem tentando buscar canais de diálogo com o partido por meio de nomes como Luiz Henrique Mandetta e ACM Neto, e conta com as conexões no DEM (legenda que forma o União a partir da fusão com o PSL) de seu vice, Rodrigo Garcia, para tentar trazer a sigla (Garcia era filiado do DEM, antes de se transferir para o PSDB). Já Moro conta com apoio de nomes como Luciano Bivar, presidente do PSL, e Júnior Bozzella, deputado estadual de São Paulo.
No União, porém, a ordem é não fechar nenhuma aliança com ninguém ao menos até a junção dos dos partidos estar homologada pela Justiça Eleitoral, o que deve ocorrer ainda neste mês.
Por fim, Doria tentou uma aproximação com o Movimento Brasil Livre (MBL), grupo que consegue angariar interações positivas nas redes socais, em busca de uma aliança no plano nacional nos mesmos moldes do apoio que ele obteve na disputa para o governo de São Paulo. Mas Moro foi mais rápido. O MBL, aliás, foi o grupo que divulgou e apresentou a live na semana passada em que ele revelou quanto o ex-juiz ganhou da consultoria Alvarez & Marsal (R$ 3,6 milhões).
Fonte: Revista Veja