Arquiteta Isabella Nalon aborda os cuidados e elementos para evitar a propagação do som que incomoda os próprios moradores, bem como os vizinhos
Quem mora perto de grandes avenidas ou se incomoda com qualquer barulho externo sabe a importância do isolamento acústico. Seja para dormir até um pouco mais tarde, zelar pela tranquilidade do bebê ou para trabalhar – já que hoje em dia o ambiente do lar se tornou o nosso escritório – o morador pode encontrar muitas variantes sonoras que tiram nossa paz. “Sem contar que, em algumas situações, somos nós quem promovemos o ruído, que pode se tornar extremamente inadequado para o apartamento ao lado”, afirma a arquiteta Isabella Nalon, do escritório que leva seu nome.
Diante de qualquer cenário parecido, algumas medidas podem e devem ser tomadas para ampliar o bem-estar acústico dos imóveis e tornar a casa mais silenciosa. A profissional esclarece que, para iniciar o projeto de isolamento acústico, seu primeiro passo é entender a necessidade do cliente e qual o grau de privacidade desejado. “Todos esses pontos são essenciais para trabalharmos no desenvolvimento das soluções para contornar ou extinguir o som externo, assegurando a proteção acústica ideal”, detalha. Entre os projetos realizados, Isabella já projetou um estúdio de música dentro de um apartamento.
A depender do caso – geralmente em situações mais extremas, o projeto pode envolver a realização de um mapa acústico do local para a identificação do ‘barulho’ a ser contido e a potência sonora. Dessa forma, é possível que o profissional de arquitetura adquira um conhecimento mais apurado sobre onde estão a maiores concentrações de ruídos e aplicar as soluções específicas para o isolamento.
“Costumo explicar também que, em muitas vezes, a resolução para um cômodo não é a mesma para a casa inteira”, relaciona Isabella. O projeto é feito de acordo com a necessidade e o grau de ruído que o ambiente suporta. Em áreas de alta permanência, como sala de estar e dormitórios, o silêncio é primordial para o descanso, relaxamento e concentração, como no caso dos home offices. Já em ambientes de passagem e de pouca permanência, os cuidados podem ser menores, abrindo espaço para o investimento em outras melhorias.
Outra questão encontrada por Isabella é o eco. “Cômodos vazios ocasionam reverberação e as escolhas certas na decoração colaboram positivamente”, conta a arquiteta. Segundo ela, o mobiliário contribui para amortecer a propagação do som e, quanto mais pesados e robustos, melhor. Elementos decorativos como almofadas e tecidos também funcionam como redutores de ruído nos ambientes, pois abafam as ondas sonoras. “Nas paredes, gosto muito de apostar em papeis de parede, aplicação de tecido e uma seleção de quadros. Por conta da espessura e textura, uma seleção bem pensada atua como filtro para que o ruído seja amenizado”, complementa. No quarto, a cabeceira estofada vai muito além da estética, já que também atenua o som e ajuda para um sono mais tranquilo.
Para o piso, a arquiteta indica utilizar tapetes e carpetes mais encorpados que, além de compor o décor, favorecem na redução do ruído causado no arrastar de cadeiras e no indesejado toc toc de sapatos. “Sem dúvidas, essa é uma das causas de maior incômodo entre os vizinhos de andares. Trata-se de um cuidado que você terá para si e para o próximo”, declara Isabella.
Ruídos de fora para dentro
Quando o barulho vem de fora, o ideal é instalar borrachas “veda frestas” nas janelas que, além abafarem o som, auxiliam na contenção do vento, poeira e partículas presentes em endereços com intensa movimentação de carros e ônibus. Todavia, quando apenas a borracha não é suficiente, considera-se também a adoção de esquadrias de PVC ou alumínio, bem como camadas duplas ou triplas de vidro. A instalação de cortinas encorpadas ou em camadas são benéficas para finalizar a área das janelas.
Barulho excessivo
Quando soluções mais simples, como incorporar uma cortina mais densa ou um vidro de dupla camada não resolvem, é preciso pensar em um plano B. Ainda mais quando o movimento de carros, motos, caminhões, ônibus se tornam o principal vilão na emissão de ruídos que atrapalha a vida doméstica e tira o sossego de muitas residências. Nas paredes de alvenaria, a arquiteta relata a possibilidade de instalar uma segunda ‘camada’ de drywall que na parte ‘oca’ ainda incorpore isolantes como lã de rocha ou de vidro. “O sistema é excelente”, declara Isabella.
Entretanto, a lista de cuidados se reflete em alguns ‘poréns’. A arquiteta detalha que não adianta ter uma casa com portas de madeira maciça e janelas com isolamento se elas estiverem abertas. “E como uma demanda puxa a outra, esses ambientes fechados podem sofrer com o aumento da temperatura. Por isso, a necessidade da instalação de um aparelho de ar condicionado”.
Quando o vizinho é o inconveniente
Quando o barulho é proveniente de vizinhos, principalmente em apartamentos, o ideal é a utilização de forros de gesso, eventualmente considerando a colocação de mantas acústicas no vão entre a laje. No piso, além do carpete e tapete, mencionados acima, a arquiteta considera o emprego de mantas de isolamento que podem ser colocadas embaixo de pisos flutuantes – madeira, laminado e vinílico. A proteção para os pés dos móveis é outro item que não pode ser esquecido.
Dicas de materiais
Independentemente do ambiente a ser aplicado, os revestimentos duros e maciços diminuem a propagação de som, absorvendo as ondas sonoras. “No piso, o porcelanato é um revestimento que proporciona um belo acabamento e ajuda no tratamento acústico”, conta a arquiteta.
Em relação aos materiais isolantes, a lista considerada para casos específicos são:
Sobre a arquiteta Isabella Nalon
Com uma carreira sólida e experiência proveniente de mais de 20 anos de trabalho, Isabella Nalon percorreu uma trajetória de muitos estudos e pesquisas na área de Decoração e Arquitetura. Sua experiência atuando como arquiteta na Prefeitura da cidade de Münster, na Alemanha (1997), ajudou a criar uma visão plural e ampla de diferentes culturas e públicos, o que se tornou um diferencial em seu percurso profissional. Em 1998, inaugurou seu escritório em São Paulo e se especializou em projetos arquitetônicos residenciais, comerciais e de decoração de interiores. Frequentemente, tem projetos reconhecidos e publicados por renomados portais e revistas de arquitetura e decoração, consolidando o escritório na lista dos mais importantes da capital paulista.
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