Alimentar aproximadamente 800 milhões de pessoas é um dos principais desafios do Brasil no cenário do comércio internacional. Quando se trata de suprir essa demanda do mercado, a agricultura 4.0 se torna inevitável. As sementes do avanço tecnológico já foram plantadas em um dos setores mais significativos do PIB brasileiro. O uso de drones para pulverização, sistemas de coleta de dados, inteligência artificial e conectividade já fazem parte da realidade dos agricultores brasileiros. Através de sistemas de coleta de dados instalados em colheitadeiras, os produtores têm acesso a informações em tempo real sobre suas plantações, como explica Guilherme Belardo, líder de desenvolvimento de novos negócios da Climate FieldView. “Eles podem visualizar a umidade dos grãos e tomar a decisão de parar ou continuar a colheita com base nessa informação”, explica ele. O sistema também permite que as máquinas operem em modo automático com apenas um clique, facilitando o trabalho manual.
Outra tecnologia que está ganhando cada vez mais espaço no mercado é o uso de drones para pulverização. É possível pilotar o equipamento, mapear a área que será pulverizada e até mesmo ajustar o tamanho das gotas dos defensivos agrícolas. O tamanho e o custo dos drones são atrativos, especialmente para pequenos e médios produtores, como relata Leandro Santos, gerente de vendas da GeoAg. “Enquanto um pulverizador tradicional requer toneladas de defensivos para realizar a pulverização, com o drone, estamos falando de quilos. […] Toda a tecnologia de um pulverizador está no drone. A grande vantagem do drone é sua mobilidade”, diz Santos. Com o uso desse equipamento, é possível delimitar com maior precisão a área de pulverização, reduzindo o desperdício e evitando a aplicação de defensivos em áreas desnecessárias. Além disso, os modelos mais recentes garantem maior segurança para o operador.
Diante de tanta automação, surge uma pergunta: as máquinas estão substituindo o trabalho humano? “As pessoas estão se capacitando cada vez mais. Durante a época da colheita de cana, por exemplo, os cortadores agora são operadores de máquinas. Não houve um êxodo desses trabalhadores do campo; eles foram mais qualificados para assumir outras funções que exigem conhecimentos tecnológicos”, diz Belardo. Novas tecnologias se somam à preocupação com o meio ambiente. A energia solar, por exemplo, além de ser sustentável, tem se tornado atraente para os produtores rurais, que buscam economizar energia. Anderson Oliveira, presidente da EcoPower, destaca a consciência dos agricultores em relação à origem dos produtos e à importância que as empresas dão à sustentabilidade, assim como a solidez das operações agrícolas.
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