A alta do dólar favorece investidores e prejudica famílias no Brasil. Quase tudo fica mais caro: encher o tanque de combustível, o carrinho de compras no supermercado, viajar para o exterior. São apenas alguns dos itens impactados diretamente pela desvalorização do real frente à moeda norte-americana, especialmente, por conta da guerra no leste europeu. Com a renda média da maioria dos brasileiros abaixo de um salário mínimo, hoje estipulado em R$ 1.212 reais, a preocupação aumenta. A camada mais pobre da população sofre ainda mais com a volatilidade da taxa cambial, porque os preços dos alimentos como a carne, remédios e até de artigos de higiene pessoal dispararam. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIESE), o salário adequado para manutenção de uma família no Brasil, considerando adultos e duas crianças, deveria ser de R$ 5.657, porém cerca de 30% dos brasileiros sobrevivem mensalmente com menos da metade de um salário mínimo; 70% conseguem somar dois salários mínimos e 90% tem renda de até R$ 3.500 mil, ou seja, a maior parte das famílias passa longe do montante e não consegue acessar nem os itens básicos.
O analista financeiro Caio Mastro Domênico indica que a corda acaba estourando para o lado dos mais vulneráveis. “Qualquer reajuste, por menor que for, vai influenciar no preço de toda a cadeia. E vai chegar, sem dúvida nenhuma, na gôndola, mais caro. Os mais pobres acabam sempre pagando mais, por quê? Porque eles são os que mais consomem. Então o menos favorecido no Brasil acaba colocando toda a renda dele, quase que 100%, no consumo, e é justamente onde é o maior tributo”, analisou Domênico. Apesar da crise entre Rússia e Ucrânia, a variação cambial tem demonstrado uma certa estabilidade nos últimos dias, mas os olhos do mercado internacional permanecem voltados ao que acontece na área do conflito. O especialista em câmbio Mauriciano Cavalcante prevê equilíbrio na trajetória do dólar. Segundo ele, esse cenário somente sofrerá se houver um novo solavanco e a guerra for agravada. “Nós temos aí uma oscilação entre R$ 5,00, R$ 5,10, mas sempre naquela média de R$5,02 E R$ 5,05. Isso, lógico, deverá se sustentar se por um acaso a gente não tiver uma coisa mais séria em relação à guerra, como os Estados Unidos e os e os países da Otan entrarem realmente nessa guerra com mais fervor”, avaliou. A moeda iniciou esta semana sob reflexos de um novo lockdown na cidade chinesa de Schenzen após um surto de Covid-19 e de ma possível alta dos juros nos EUA.
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