A saída da Rússia do acordo de exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro pode causar repercussões significativas nos preços dos alimentos em todo o mundo. Em meio a mais um capítulo da guerra entre os países, ministros da Agricultura de nações da União Europeia se reuniram para buscar soluções diante da saída dos russos do tratado. O cancelamento do ajuste que permitia o fluxo de grãos da Ucrânia para países da África, Oriente Médio e partes da Ásia acarreta obstáculos de logística nas regiões afetadas, gera preocupações com a segurança alimentar e ameaça a explosão de preços dos alimentos.
As ações dos russos, incluindo o bombardeio de regiões portuárias no rio Danúbio – a segunda rota mais importante de escoamento agrícola da Ucrânia – elevaram os custos das operações e impulsionaram os preços do trigo e do milho em mercados internacionais, como em Chicago.
Segundo o professor de Relações Internacionais Manuel Furriela, a Rússia está usando suas últimas cartas para ganhar fôlego no conflito. A situação representa um grande problema internacional, pois pode impactar o preço dos alimentos em países que já enfrentam pressão inflacionária e questões humanitárias relacionadas ao abastecimento de mercados carentes.
O advogado e mestre em direito marítimo Larry Carvalho destaca que o grau de tensão ficou ainda mais elevado porque os operadores de embarcações de diversos países estão com receio de navegar pelo Mar Negro. Tanto a Rússia quanto a Ucrânia declararam que qualquer embarcação do outro país poderia ser tratada como alvo militar, o que aumentou o risco de navegação na região.
Apesar da pressão inflacionária global, o Brasil pode encontrar oportunidades diante desse cenário. Manuel Furriela sugere que o Brasil poderia se candidatar a abastecer os mercados que estão suscetíveis às instabilidades da guerra, aproveitando os espaços não ocupados pela Rússia e pela Ucrânia para ampliar seu leque de parceiros comerciais.
O acordo de grãos que estava vigente desde o ano passado havia reduzido a atividade naval bélica. No entanto, com o recém-acirramento do conflito, os países começaram a utilizar drones marítimos para conter os avanços das forças armadas adversárias.
A crise Russo-Ucraniana coloca em evidência a vulnerabilidade do sistema de abastecimento global de alimentos e a importância de encontrar soluções colaborativas para garantir a segurança alimentar em meio a conflitos geopolíticos.
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