Era uma vez, uma cidade chamada São José do Rio Preto. Um dia, os alunos que lá moravam perceberam o quanto a história daquele lugar fazia parte de suas próprias vidas. Resolveram, então, escrever sobre a Basílica, a Folia de Reis, a represa e até sobre a Figueira do São Marcos e a história da professora Nair.
Esses relatos foram parar no livro “São José do Rio Preto – A cidade da gente”, uma obra com 80 páginas que será lançada nesta quinta-feira, dia 7, no teatro Sesi, com direito à sessão de autógrafos dos próprios estudantes das 14h às 17h.
Rio Preto é um dos municípios escolhidos para ter sua história retratada por seus alunos dentro da coleção “A cidade da gente”, da editora Olhares. Ao todo, 36 cidades de norte a sul do país, já ganharam – ou estão perto de receber – um livro ilustrado sobre os seus patrimônios, feito em parceria com professores e estudantes das escolas públicas locais, que assinam como coautores das obras.
O processo da escrita dos livros começa com a seleção de alunos de diversas escolas da rede pública municipal ou estadual para pesquisarem sobre os patrimônios de suas cidades, seguindo um roteiro de temas sugeridos por seus gestores e professores.
No caso de Rio Preto, a investigação abrangeu desde lugares históricos até os causos curiosos, como a lenda sobre a origem da cidade. Após dissertarem sobre esses assuntos, cada turma entregou o material para os escritores profissionais da Olhares, para então redigirem a narrativa final do livro. O livro também pode ser acessado de forma digital pelo link: acidadedagente.com.br/livros/saojosedoriopreto
Neste município, o livro contou com o apoio da Secretaria Estadual de Educação e o patrocínio da empresa Lwart Soluções Ambientais, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. A iniciativa foi vencedora do prêmio Retratos da Leitura, do Instituto Pró-Livro, e chegou a ser finalista do Prêmio Jabuti neste ano.
Criado em 2015, o projeto “A cidade da gente” existe graças ao patrocínio de empresas interessadas em apoiar não apenas o trabalho de pesquisa dos alunos, como também promover a história da região onde atua, por meio de leis de incentivo à cultura.
“Essa atividade favorece a aprendizagem, pois trabalha com temas envolventes e de interesse direto para as crianças, fazendo com que elas conheçam e valorizem os patrimônios de suas cidades”, afirma Otávio Nazareth, editor da Olhares e coordenador do projeto. “Ao mesmo tempo, o projeto estimula a leitura e a produção textual já que os estudantes são os coautores da obra”, acrescenta ele.
Produzidos geralmente em pequenos e médios municípios, os livros têm de 1.700 a 2.600 exemplares doados para o uso didático nas escolas da rede pública de educação. O projeto também incentiva o pensamento crítico dos estudantes durante a produção autoral, como preconiza a Base Nacional Curricular Comum, do Ministério da Educação.
A escrita do livro costuma durar um ano letivo, num processo que se inicia pela explicação da metodologia para a comunidade escolar envolvida, seguido por reuniões virtuais periódicas, a presença da equipe em campo, a criação e edição dos textos e ilustrações, até chegar ao grande lançamento quando os alunos e escritores assinam juntos o livro.
Após a publicação, o projeto oferece ainda uma formação de professores para reunir ideias de uso do livro em diferentes disciplinas, estimulando o uso pelas turmas ano a ano, em temas diversos, por muitas gerações. Trazendo o ponto de vista das crianças, a coleção consegue perpetuar a memória das cidades abordadas, além de ampliar as noções de identidade e pertencimento dos estudantes sobre a cidade onde vivem.
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