Dólar e Bolsa fecharam em queda nesta segunda-feira, 4, refletindo o clima de cautela no mercado internacional após ameaças de novas sanções à Rússia. No campo doméstico, as atenções ficaram divididas nas negociações para colocar fim à greve de servidores do Banco Central (BC) e nas informações de que o economista Adriano Pires teria desistido da nomeação ao cargo de presidente da Petrobras. Diante deste cenário, o dólar fechou com queda de 1,27%, a R$ 4,608. A divisa norte-americana chegou a bater a mínima de R$ 4,606, enquanto a máxima não passou de R$ 4,675. Este é o menor patamar para o câmbio desde 4 de março de 2020, quando encerrou cotado a R$ 4,580. Impactado pelo clima pesado no cenário internacional e pelo desempenho da Petrobras, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou com queda de 0,24%, aos 121.279 pontos.
Os Estados Unidos e os aliados da Europa voltaram a ameaçar o governo de Vladimir Putin de novos embargos após os indícios de que as tropas russas cometeram crimes de guerra na cidade de Bucha, nos arredores da capital Kiev, durante a invasão da Ucrânia. Imagens e relatos apontam para a execução de civis e a criação de covas coletivas. As sanções, no entanto, encontram resistência em membros da União Europeia, como Alemanha e Áustria, grandes dependentes do gás exportado pelos russos. A Rússia rejeita todas as acusações e afirma que os vídeos divulgados durante o fim de semana foram falsificados. O temor de novos embargos à exportação russa levou ao novo aumento da cotação do petróleo. O barril do tipo Brent, usado como referência na maior parte do mundo, registrava avanço de 3,4%, aos US$ 108. Já o WTI, base do mercado norte-americano, subia 4,3%, a US$ 103.
No noticiário local, os servidores do BC mantém a paralisação inciada na última sexta-feira, 1º, em meio à falta de entendimento nas negociações. Segundo o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), um novo encontro deve ser realizado nesta terça-feira, 5. A paralisação já afeta serviços da autarquia. Nesta manhã, o BC informou que não vai divulgar o Boletim Focus, a pesquisa semanal com mais de uma centena de instituições sobre os rumos da economia. Também foram suspensas a publicação de dados até sexta-feira, 8. Os investidores ainda analisam as informações de bastidores que apontam para a desistência de Adriano Pires para o comando da estatal. O fato, no entanto, foi negado pelo governo federal. O nome do economista havia sido indicado pelo Executivo na semana passada para substituir o general Joaquim Silva e Luna, e precisa ser aprovado pela Assembleia-Geral dos acionistas, que ocorrerá no dia 13 de abril.
Na sexta-feira, 1º, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou a abertura de uma investigação sobre a indicação. A intenção é apurar se há conflito de interesses, já que Pires é fundador e sócio diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que presta serviço no mercado de energia para dezenas de empresas e entidades. O economista chegou a ser indicado para o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) no fim de 2018, no fim do governo do então presidente Michel Temer (MDB). Na época, o TCU também abriu investigação para apurar conflito de interesses e ele decidiu abrir mão do cargo.
fonte: Jovem Pan