Cerca de 12 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com essa condição, que afeta por volta de 80% dos pacientes com paralisia cerebral.
De origem 100% nacional, proveniente da região nordeste do Brasil, a Alpinia Zerumbet se tornou uma ferramenta de destaque no tratamento da espasticidade. Trata-se de um fitomedicamento, cujo óleo essencial é aplicado durante as sessões de fisioterapia em pacientes com essa condição.
Segundo um estudo feito no Brasil, quando associado à fisioterapia, o produto ajuda a reduzir a espasticidade, promovendo recrutamento muscular e ganho funcional.
De acordo com a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, que atua na fisioterapia neurofuncional, há mais de 30 anos, A. Zerumbet tem uma ação farmacológica tópica, com um alvo terapêutico específico.
“Isso é importante, pois uma vez que a ação é local, não provoca depressão do SNC. Portanto, temos menos efeitos no organismo do paciente. Na prática da fisioterapia, estamos percebendo que há um ganho neurofuncional importante com o uso do produto”, comenta Walkíria.
Entenda melhor a espasticidade
Há vários tipos de músculos no corpo humano. Os músculos esqueléticos são responsáveis, principalmente, pelos movimentos voluntários das pernas e dos braços. Por sua vez, para que esses movimentos ocorram, são necessários estímulos nervosos que ocorrem por meio dos neurônios motores.
Esses neurônios mandam mensagens químicas que possibilitam a contração dos músculos voluntários do corpo. Essas mensagens geram os reflexos nervosos, essenciais na coordenação dos movimentos musculares de contrair e relaxar, de forma alternada.
Porém, certas patologias ou condições que atingem o SNC podem causar lesões nos neurônios motores superiores. “Quando isso ocorre, desenvolve-se a espasticidade, considerada um distúrbio do movimento decorrente dessas lesões. Assim, a espasticidade é uma consequência de uma patologia primária e não uma doença”, explica Walkíria.
Espasticidade afeta qualidade de vida
A espasticidade deixa os músculos mais tensos, com contrações exageradas, levando a um endurecimento muscular. “Como consequência, os pacientes podem alteração da marcha, limitação de movimentos, dificuldade para as tarefas diárias, postura anormal, deformidades osteomusculoarticulares e incontinência urinária”, ressalta a especialista.
A maior parte dos pacientes com paralisia cerebral apresenta espasticidade. A condição também pode afetar pessoas com traumatismos cranioencefálicos (TCE), esclerose múltipla (E), acidente vascular cerebral (AVC).
Fisioterapia é fundamental
A espasticidade tem um impacto muito negativo na vida do paciente. Simples atividades como comer, se vestir e tomar banho, por exemplo, podem ser impossíveis para esses indivíduos.
“Por isso, nos últimos anos, a medicina desenvolveu alguns tratamentos com o objetivo de melhorar a autonomia e a capacidade funcional de pessoas com espasticidade. Além desse fitomedicamento, temos outras opções, como uso a toxina botulínica e alguns fármacos orais”, adiciona Walkíria.
Contudo, vale ressaltar que nenhum tratamento é eficiente se usado de forma isolada. As substâncias alopáticas e esse fitomedicamento ajudam a potencializar a reabilitação do paciente durante a fisioterapia, mas não atuam sozinhos.
“Dentro da reabilitação neurofuncional, também é preciso associar técnicas como a eletroestimulação, a bandagem terapêutica e a cinesioterapia. Finalmente, é preciso levar em conta que cada paciente é único e demanda um tratamento individualizado”, finaliza a especialista.